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Mais sobre a mística sensação.

O vento gélido no rosto logo desceu pela minha espinha, não alguma do rosto, mas a que sustenta todo o meu corpo, e, quase que imediatamente, alcançou meus pés quando senti pela primeira vez o que chamei pelo resto da vida de amor. Não confunda com paixão, amor é verdadeiro, inocente, vem do espírito, não da carne. Que surpresa agradável, que sonho vivido, é tudo o que desejei a partir daquele momento. Foi a única coisa que verdadeiramente desejei. Foi simbólico, intocável, inimaginável, sensorialmente perceptível e logicamente incompreensível. Tudo fez sentido, fui dopado e, instantaneamente, curado de qualquer problema que tivesse àquele momento. Maiores que o amor que senti foram duas coisas: vontade de amar mais e amor ao amor. Não à sensação que amor causava, eu não amo como me faz sentir, eu amo o que é.

Misteriosamente, senti que poderia acreditar em coisas que nunca havia visto. Senti que poderia tocar o que era inalcançável. Sentia que frases de efeito como essas não tinham defeito. Senti-me brega. Não só isso, mas a partir dali, a cor dos meus olhos já nem parecia tão interessante. Meu nome já não parecia tão interessante, nada nessas coisas etéreas já tinha minha atenção, mas as coisas que o coração manda buscar, as coisas que duram para sempre, a vida infinita me chamou e, como nunca, quis largar todo o resto para alcançá-la. Foi revigorante.

Desde então, nunca mais fui o mesmo. para mais triste, por não ter o que quero, e para mais feliz, por conhecer agora algo que é verdadeiramente bom. Fez mágica, transformou-me em um homem feliz, mesmo que momentâneamente. Deixou uma marca que vai durar pela eternidade, a única coisa que carrega o verdadeiro sentido. É a vontade divina, natural e perfeita, a única coisa a ver com a natureza das coisas e o único sentimento puro.

K. L. Melo